quinta-feira, 16 de junho de 2011

Mariana e os Peixes-boi

Estagiar no Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) é para quem realmente quer a vida de pesquisa em campo e pra quem luta pelo sonho de uma sociedade de valores sustentáveis e de respeito ao meio natural.
O estágio no IDSM normalmente segue um padrão de editais abertos, mas no meu caso foi diferente. Há quatro anos, desde que entrei no curso de Ciências Biológicas do CES, tento ir para a Amazônia trabalhar com Botos Vermelhos (Inia geoffrensis) ou como mais conhecidos no sudeste, Botos Cor-de-rosa. A insistência e o contato com pessoas que já estavam pesquisando na área de cetáceos me levou a conseguir uma bolsa de estagio no IDSM no Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos - GPMAA coordenado pela Doutora Miriam Marmontel.
A paixão pelos golfinhos, a insistência e a força de vontade me levaram ao lugar mais sonhado por todo biólogo campeiro, se é que essa expressão existe!
O estágio tinha como objetivo a Educação Ambiental para a conservação do Peixe-Boi Amazônico (Trichechus inunguis) e, também foi uma dos motivos pelo qual fui chamada, pois já havia trabalhado com Educação Ambiental em Juiz de Fora. O trabalho de Educação Ambiental consistia basicamente em reuniões dialogadas com os membros das comunidades tradicionais que ainda tinham em seus costumes e cultura a caça do peixe-boi. Essas reuniões seguiam a estratégia dos DRP’s (Diagnósticos Rurais Participativos), os quais permitiam aos ribeirinhos que construíssem seus próprios pontos de vista e soubessem interpreta-los a partir da problemática ambiental criada em torno da caça do peixe-boi. Mas não só os adultos são foco desta ação de educação hoje chamada de Educação para a Sustentabilidade.


Além dos DRP’s eram realizadas palestras, atividades lúdicas e dinâmicas com as crianças e jovens das comunidades ribeirinhas. Essas atividades garantiam uma Educação Ambiental formal dentro das escolas com o auxilio de uma Cartilha desenvolvida especialmente para trabalhar o tema da caça do peixe-boi de forma simples e aplicada (Cartilha O Peixe-Boi Amazônico).


Ao contrario do que muitos leigos pensam a caça do peixe-boi não é uma atrocidade e sim um fato histórico que compõe a cultura de varias gerações de pessoas que se utilizam dos recursos naturais para sobreviver.
Mas esse não era o meu objetivo principal. E qual era? A pesquisa com Botos Vermelhos era. Após três meses de submissão de projeto ao comitê Cientifico e Ético do IDSM meu projeto de pesquisa foi aprovado. E ai eu iniciava meu projeto de pesquisa que será ainda esse ano minha monografia.

Se valeu a pena? Muito a pena. As condições são as mais simples (banho nos lagos e rios, sem tv, celular ou internet) há que se incorporar a cultura e respeitar as individualidade e contar sempre a energia e bom tempo da Floresta Amazônica. Para mim tudo isso bastou e me foi um luxo. As estruturas e apoio dos pesquisadores do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá fazem você realmente se sentir parte da pesquisa e ser pesquisador. Poucos lugares oferecem tanto apoio e incentivo a pesquisa.
Para aqueles que querem tentar, todo o meu incentivo, e aqui site do Instituto Desenvolvimento Sustentável Mamirauá: www.mamiraua.org.br



Mariana Paschoalini Frias, é aluna do 8° período do curso de Ciências Biológicas do CES\JF

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