terça-feira, 13 de novembro de 2012

Para além da questão das sacolinhas plásticas...


A problemática ambiental é, sem dúvida alguma, um dos maiores desafios do mundo contemporâneo. É uma questão de alta complexidade, onde o econômico, o social  e o ambiental se integram a ponto de não ser mais possível isolá-los, se quisermos buscar soluções. Porém, na tentativa de resolver perifericamente alguns problemas, surgem propostas, que na verdade, apenas demonstram nosso entendimento incompleto sobre o assunto. Um caso emblemático é o das sacolinhas plásticas (feitas de polímeros), consideradas  vilãs  do meio ambiente. A solução, em moda, tem sido a aprovação de  leis municipais que proíbem seu uso substituíndo-as por sacolas oxi-biodegradáveis,  biodegradáveis ou sacolas retornáveis, que devem ser compradas pelo consumidor. O curioso é que, por outro lado, os códigos de postura municipais recomendam usar sacos plásticos para acondicionar  o lixo domiciliar. Uma lei proíbe e a outra lei regulamenta o uso. As sacolinhas estão na lista dos objetos mais reutilizados pela população, inclusive para dispor os resíduos domiciliares para coleta do lixo urbano.  Não podemos nos esquecer que as sacolas plásticas também podem ser recicladas. Nesse caso específico, a implantação de programas de  educação ambiental ajudariam a otimizar o uso consciente desse material, incluindo o descarte final adequado. Em 2010 foi aprovada a Lei Federal Nº 12.305 que estabelece a Política Nacional dos Resíduos Sólidos objetivando, em seu Art.7º (Inciso II):  a não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. A mesma lei, em seu Art. 33º, também estabelece  a implantação da logística reversa para produtos como agrotóxicos, pneus, eletrodomésticos, lâmpadas, baterias, pilhas, produtos eletrônicos e seus componentes. Acreditamos ser  possível incluir as sacolas plásticas e as garrafas PET nessa logística. A problemática ambiental não pode ser resolvida  sem que se pense sistemicamente, inclusive avaliando, previamente,  os impactos das medidas legalmente impostas sobre a sociedade. É preciso envolver mais a ciência e  a sociedade nas discussões de política ambiental.  A origem   do problema, em questão,  está nos padrões insustentáveis de consumo  alimentados pela lógica da racionalidade econômica  que se sobrepõe à racionalidade ambiental. Portanto, não vamos “salvar o planeta” proibindo o uso desse ou daquele material específico. Questões de alta complexidade não podem ser resolvidas com soluções isoladas, reducionistas ou simplificadoras. Não haverá solução sem que ocorra mudanças sistêmicas e estruturais mais  profundas em nosso estilo de vida.
Gerson Romero de Oliveira Filho. (Professor de Geografia e Geógrafo)
Publicado no Jornal Tribuna de Minas

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