A problemática ambiental é, sem dúvida
alguma, um dos maiores desafios do mundo contemporâneo. É uma questão de alta
complexidade, onde o econômico, o social
e o ambiental se integram a ponto de não ser mais possível isolá-los, se
quisermos buscar soluções. Porém, na tentativa de resolver perifericamente
alguns problemas, surgem propostas, que na verdade, apenas demonstram nosso
entendimento incompleto sobre o assunto. Um caso emblemático é o das sacolinhas
plásticas (feitas de polímeros), consideradas vilãs
do meio ambiente. A solução, em moda, tem sido a aprovação de leis municipais que proíbem seu uso substituíndo-as
por sacolas oxi-biodegradáveis, biodegradáveis
ou sacolas retornáveis, que devem ser compradas pelo consumidor. O curioso é
que, por outro lado, os códigos de postura municipais recomendam usar sacos
plásticos para acondicionar o lixo
domiciliar. Uma lei proíbe e a outra lei regulamenta o uso. As sacolinhas estão na lista dos
objetos mais reutilizados pela população, inclusive para dispor os resíduos
domiciliares para coleta do lixo urbano.
Não podemos nos esquecer que as sacolas plásticas também podem ser
recicladas. Nesse caso específico, a implantação de programas de educação ambiental ajudariam a otimizar o uso
consciente desse material, incluindo o descarte final adequado. Em 2010 foi aprovada a Lei Federal Nº
12.305 que estabelece a Política Nacional dos Resíduos Sólidos objetivando, em
seu Art.7º (Inciso II): a não geração, redução, reutilização,
reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos. A mesma lei, em seu Art. 33º, também
estabelece a implantação da logística
reversa para produtos como agrotóxicos, pneus, eletrodomésticos, lâmpadas,
baterias, pilhas, produtos eletrônicos e seus componentes. Acreditamos ser possível incluir as sacolas plásticas e as
garrafas PET nessa logística. A problemática ambiental não pode ser
resolvida sem que se pense
sistemicamente, inclusive avaliando, previamente, os impactos das medidas legalmente impostas
sobre a sociedade. É
preciso envolver mais a ciência e a
sociedade nas discussões de política ambiental.
A origem do problema, em questão, está nos padrões insustentáveis de consumo alimentados pela lógica da racionalidade
econômica que se sobrepõe à
racionalidade ambiental. Portanto, não vamos “salvar o planeta” proibindo o uso
desse ou daquele material específico. Questões de alta complexidade não podem
ser resolvidas com soluções isoladas, reducionistas ou simplificadoras. Não
haverá solução sem que ocorra mudanças sistêmicas e estruturais mais profundas em nosso estilo de vida.
Gerson Romero de Oliveira Filho. (Professor
de Geografia e Geógrafo)
Publicado no Jornal Tribuna de Minas
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